RJ: O maior atentado da história do transporte coletivo na cidade, escancara a falha do estado e suas instituições

35 ônibus de diversas empresas e modalidades foram incendiados em bairros da Zona Oeste em represália após morte de miliciano em confronto com a polícia militar.

Segunda feira 23 de Outubro de 2023. Já passa da metade do dia na cidade do Rio de Janeiro. No lado oeste, a região mais populosa da cidade que concentra cerca de 35% da população da cidade, mais um confronto acontece e desta vez, um nome de peso da parte dos milicianos que dominam a região vem a óbito. Em pouco tempo, o “salve geral” é destilado nos meios de comunicação daqueles que estão ligados ao crime organizado e que quase que instantaneamente, instalam o caos nos bairros de: Santa Cruz, Campo Grande, Cosmos, Paciência, Guaratiba e Recreio dos Bandeirantes presenciaram as cenas de horror e vandalismo.

Ao todo, 35 ônibus foram incendiados e tiveram mais de 60% do conjunto completo (chassi + carroceria), isto é, quando não há mais possibilidade e ou valia de recuperação dos mesmos. Outros sem confirmação de quantidade, foram danificados de forma parcial, com vidros depredados e ou seus incêndios foram contidos rapidamente por seus tripulantes.

As empresas: Auto Viação Jabour – 9 ônibus, MobiRio (Responsável pela operação do sistema BRT) – 4 ônibus, Transportes Campo Grande e Auto Viação Palmares – 3 ônibus cada, foram as mais prejudicadas. Dos 35 ônibus, 25 são do sistema municipal e 10, entre ônibus de linhas internunicipais, rodoviárias e de serviços de fretamento.

Ações amplamente agressivas, onde algumas testemunhas dizem que havia apoio de Mototáxis, facilitando no deslocamento dos criminosos, que em alguns casos, sequer era aguardado o desembarque total da quantidade de passageiros, quando os vândalos ateavam fogo nos coletivos.

Em poucas horas, os crimes aconteciam e de forma intensa e frequente, sem que as equipes disponíveis do Corpo de Bombeiros pudessem combater os incêndios de forma que viesse a salvar aquilo que já estaria fortemente condenado. Material de ônibus aliado aos combustíveis e lubrificantes utilizados, faz com que as chamas se propaguem rapidamente.

A condução da situação não mostrava existir ciência por parte dos chefes de estado que apenas se posicionaram quando a quantidade de veículos queimados, já ultrapassava 2 dezenas e quando apontada alguma nota, citava que todo efetivo das Polícias Civil e Militar, estava nas ruas, a procura dos criminosos.

A Estação Santa Veridiana, em Santa Cruz e um Trem da Supervia próximo à Estação Trancedo Neves, entre as estações Paciência e Santa Cruz, também foram incendiados.

Pouco mais de 10 pessoas foram presas mas liberadas posteriormente por falta de provas associadas aos incêndios aos coletivos.

Não restou outra opção a não ser a paralisação ou limitação (no caso dos trens) dos serviços e as empresas, recolherem suas frotas para garantia da segurança de seus colaboradores e manter seu patrimônio que atende um sistema assolado pela crise estrutural e financeira enfrentada há anos e agravada ainda mais com a pandemia de Covid 19.

As posições de total efetivo a disposição das ocorrências escancara total falta de profissionais de forças policiais para monitorar, investigar, agir e atuar de forma rápida e positiva em situações do tipo? Em um estado tomado por criminosos que ousam aparelhar até aquilo que deveria ser de total responsabilidade do poder público, as equipes existentes necessitam de reforço de suas próprias equipes, sem dependência da federação que conta com representantes que acessam locais onde até mesmo a mais potente das Polícias estaduais, entram com dificuldade.

O governo municipal que negligencia ampliar o efetivo da segurança sem armar sua Guarda Municipal, seguindo na contramão das outras capitais, não parece se preocupar com situações do tipo, dado o silêncio ensurdecedor da falta de interesse em preservar o direito de ir e vir do cidadão.

Os 35 ônibus estipulam um prejuízo de R$ 30 milhões e mesmo que haja dinheiro disponível para compra imediata de reposição destes veículos, todo processo do início da produção até o recebimento e realização de procedimentos para circulação, o tempo é de pelo menos, 4 a 6 meses.

Costumo dizer que o transporte é um dos tetos de vidro de qualquer gestão pública e seus políticos envolvidos pois contam com a imensa possibilidade de escancarar problemas sociais enraizados e com ampla possibilidade de detalhes que quase nunca, são abordadas, discutidas e ou exibidas nos noticiários populares.
É necessário que exista plena investigação e aplicação da lei sobre todos aqueles que prejudicam a população que sempre é prejudicada em situações deste tipo. É preciso começar, acertar e que o exemplo fique, para que não ocorra mais o atentado de prejudicar o ir e vir das pessoas.