Janeiro Branco: Mês e Campanha terminam, mas a questão da importância da saúde mental ainda persiste e necessita de atenção no setor

Afastamentos cada vez mais constantes por problemas psicológicos e ausência de mão de obra fomentadas por ambientes desconfortaveis são percalços atuais enfrentados pelo setor de transporte coletivo por ônibus.

Janeiro tem como uma de suas principais campanhas, o Janeiro Branco, que trata da Conscientização sobre os cuidados com a saúde emocional e mental. Criada entre o final de 2013 e início de 2014, a Campanha ganha novos adeptos ano após ano, entre elas, as empresas operadoras do transporte coletivo por ônibus.

Apesar de algumas empresas usarem apenas de artifício para impulsionar suas redes sociais, é perceptível que uma parcela com nobres exemplos, contam com atendimento, estrutura e suporte humano para lidar com questões voltadas a saúde mental de seus colaboradores, em especial, seus motoristas, categoria da qual destacaremos aqui neste conteúdo.

A mão de obra necessária para atuar na parte operacional do setor de transporte coletivo por ônibus está cada vez mais escassa e não existe visão esperançosa sobre a situação em curto prazo.

Além disso, o número de profissionais que estão se aposentando e deixando de atuar nas suas funções aliadas a migração para outros setores, como o transporte de cargas, por exemplo, acarreta em um número que não encontra equilíbrio com a formação e inserção de novos profissionais.

Quem anda pelas ruas das grandes cidades e faz uso frequente dos serviços por ônibus é testemunha assídua do quão comum se tormou a insatisfação de inúmeros profissionais que destacam em seus desabafos, as longas jornadas, ambientes caóticos, falta de flexibilidade mínima e exigência de requisitos sem as mínimas condições e estruturas para tal.

Além disso, também é comum encontrar profissionais que resolveram migrar de cidades e se mantém na mesma profissão, porém, até com salários menores mas que conseguem maior e melhor qualidade de vida em suas jornadas.

É preciso que todas as esferas se unam com o objetivo de fomentar políticas internas que resultem em qualidade de vida e ambiente saudável não somente aos motoristas, mas como todos os profissionais do setor de transporte coletivo.

Com o objetivo de enriquecer este texto, entramos em contato com o órgão gestor do transporte coletivo por ônibus na cidade de São Paulo (Sptrans) e das entidades representativas, seja ela patronal (SPUrbanuss) ou dos trabalhadores (SindiMotoristas) e pasmem: nenhum deles contam com um controle de números relacionados ao afastamento de colaboradores por problemas psicológicos e de saúde mental. A única resposta obtida pela Sptrans, foi a recomendação de entrar em contato de forma individual com as empresas que realizam a operação do sistema de transporte por ônibus da cidade para conseguir estes dados, o que indica que além da criação de ações que sejam voltadas a esta questão, é necessário também, um maior acompanhamento e fiscalização em torno do tema, que aponta ser negligenciado de forma institucional.

O que destaco aqui, não é apenas um problema enfrentado pela cidade de São Paulo, mas por todas as grandes cidades Brasileiras que tem no transporte coletivo, o deslocamento da maioria da população.

Salários e benefícios são de extrema importância para atrair novos profissionais, mas agora, garantir um ambiente saudável e produtivo, com apoio e atendimento psicológico facilitado com ambiente leve e descontraído também deve ser levado em conta pelos gestores e proprietários de suas respectivas empresas.

Aquelas que realizam suas ações em prol da saúde mental, precisam destacar amplamente seus feitos para que não seja igualada em nível de opinião desacerbada com aquelas que além de não praticarem nenhuma boa ação, levam consigo a narrativa de que o sistema segue o seu nível de tratamento.

Além do fator financeiro, é necessário criar artifícios que valorizem a disciplina necessária aliada ao comprometimento e entendimento da importância do serviço perante a sociedade, traga o apreço pelo setor.

É necessário atrair novos profissionais para o setor, antes que a possibilidade de colapso pela ausência de mão de obra deixe de ser uma possibilidade e passe a ser uma realidade.

Saúde mental: todos ganham, os ganhos ficam e os benefícios serão permanentes.