Se o ano só começa depois do carnaval, então é necessário correr atrás do tempo perdido
A mão de obra especializada para conduzir o transporte coletivo por ônibus está cada vez mais escassa e a situação precisa ser revertida.
É costume dizer que no Brasil, o ano efetivo só começa após o carnaval… retorno oficial das aulas, comércio e serviços em movimento constante, vai e vem de tudo que gira o mercado de trabalho visando o alcance de suas metas.
É nesta época de retorno do chamado “período de férias” que o transporte coletivo urbano volta a todo vapor e a necessidade de contar com 100% da frota em operação é de extrema importância para que contratos sejam atendidos e os serviços de ônibus sejam cumpridos dentro do programado, possibilitando assim, atender toda parcela da população que utiliza o ônibus como seu principal meio de deslocamento.
Longe do ideal mas com números positivos, a renovação de frota caminha numa frequência positiva, indicando que as empresas estão cumprindo com as exigências previstas pela maioria das cidades e contratos. Políticas e procedimentos cada vez mais organizados e orquestrados também chamam a atenção nos últimos tempos.
Apesar disso, um problema cada vez mais frequente em todos os modais e até mesmo em quase todas as garagens destinadas ao transporte coletivo, assola o setor. A ausência de mão de obra especializada, em especial para condutores – motoristas e profissionais de manutenção.
O Brasil saltou da Tecnologia Euro 5 para o Euro 6 e trouxe consigo, quase que de forma sincronizada, um boom de expansão de Caminhões & Ônibus Elétricos, que atropelou o processo de ordem natural das implantações tecnológicas, sem criar novos processos de profissionalização da mão de obra e validar a estrutura necessária para prosseguir com a operação destes que são os possíveis novos veículos do futuro. Sem especializar seus colaboradores que estão presentes nos setores de manutenção, área cada vez mais necessária para lidar com as novas tecnologias a manutenção é cada vez menos procurada para ocupar os postos de trabalho que dia após dia, conta com mais vagas em aberto.
Engana-se quem acha que apenas a manutenção enfrenta os problemas de falta de mão de obra. Mais do que placas indicando a contratação de mecânicos e profissionais que estão ligados ao setor, a necessidade de preencher vagas destinadas aos motoristas, é gritante.
A formação de novos condutores parece não suprir a baixa dos que deixam o setor, seja para atuar em outros modais ou pela aposentadoria de profissionais que já atingiram seu período de trabalho.
Apesar do movimento de serviços sociais e de empresas/viações tradicionais que sempre mantiveram as chamadas “escolinhas de formação” e agora agem de forma mais frequente em qualquer uma das duas áreas abordadas neste texto, parece não conseguir suprir toda necessidade existente no mercado.
Estes problemas também são encontrados em igual ou maior proporção em empresas de transporte de cargas.
Vale ressaltar que as ações executadas pelos serviços sociais e pelas empresas que dispõem desta política, devem ser amplamente aplaudidas por entender que a formação de novos profissionais é de grande valia para todo o setor e que ações como estas, devem ser usadas como exemplo e serem expandidas por todo setor que deve contar com a possibilidade de fomento do setor público para facilitar processos de implantação, seja para criar ou manter ações e setores responsáveis pela formação de novos profissionais.
Mais do que novas tecnologias é necessário mão de obra qualificada.
Salários dignos, estrutura necessária para cumprir com as exigências de cada cargo e valorização aliada à um ambiente confortável, são das necessidades mais apontadas entre profissionais da categoria.
É preciso correr atrás do tempo perdido e reconquistar o apreço dos trabalhadores em querer atuar no setor com novas ações que mostrem a imagem positiva de um dos serviços mais essenciais de toda sociedade, antes que o colapso de falta de mão de obra seja uma eminente possibilidade.