MAIS MODAIS, MENOS ÔNIBUS.

Um pequeno desabafo sobre aqueles que estão derrubando nosso sistema de transporte. Governantes, Especialistas e até mesmo colaboradores do alto escalão que parecem ir na contra mão do que seus clientes precisam.

Mais modais, menos ônibus. Se você não ouviu essa expressão, ainda vai ouvir. Se não é que esteja vivenciando no seu dia a dia e ainda não percebeu. Expressão bradada por intitulados especialistas daquilo que não usam, ou que simplesmente não vivenciam na prática de todas as áreas aquilo que é designado trabalhar e que ovacionados por um público que ou é incapaz de pensar no contraditório ou é proibido de se manifestar. Quando não é cortam pessoas apenas por pensar diferente (muitas vezes, melhor do que os próprios chefes/especialistas).

A expressão vinda também através de intelectuais, universitários, docentes, discentes, indecentes… que possuem a receita para a sociedade perfeita. Pelo menos na frente de seus gráficos e slides transformando economia de combustível com menos passageiros transportados como lucro direto. Amparados pelos seus diplomas de inúmeras especializações penduradas em belas molduras nos Hall´s de seus apartamentos de bairro nobre… bem longe, de onde o povo, com menos ônibus, sofre com a falta de transporte digno.

Mestres e doutores de um sistema que se retroalimenta através de pessoas que passam a vida andando de outros modais para se tornarem especialistas no transporte de pessoas por ônibus. Mais modais e menos ônibus… a expressão da moda é replicada por uma geração de milhares de adolescentes espertinhxs e fofinhxs que além de como aprenderem a solucionarem as mazelas sociais do mundo contemporâneo do transporte, acompanham de dentro de seu UBER ou de seu patinete elétrico um apontamento irracional de que o Passe livre é a melhor solução.

Patinetes ao lado de ponto de ônibus na Av. Brig. Faria Lima, Itaim bibi, São Paulo – SP. Após Bikes e patinetes, via que é um dos maiores símbolos comerciais e econômicos da cidade, ônibus perdeu espaço para os pequenos deslocamentos feitos pela via ou dentro do bairro.

Passado efeito inicial do romantismo raso da tal expressão, mais modais e menos ônibus, você começa a perceber o quão leviano e desleal essa frase pode ser.

Experimente dizer mais modais e menos ônibus para o pai de família, cujo o ônibus é o seu único meio de ir e voltar ao trabalho, pois metrô e bicicletas coloridas não chegam até a localidade de sua residência que fica em algum extremo da cidade.

Diga mais modais e menos sobreposições para quem precisa buscar emprego longe da sua residência para ter um salário minimamente digno mas que recebe apenas uma única condução por sentido e que teve suas integrações cortadas e que tem grandes possibilidades de algumas de suas linhas serem reduzidas em algum ponto de interesse no meio do caminho feito atualmente, baseado em decisões pífias de uma licitação que não consegue beneficiar ninguém e muito menos quem deveria, como os passageiros (dificilmente lembrados e tratados como clientes).

Diga mais modais e menos ônibus ao Carioca, que assiste seus sistemas de transporte por ônibus sucumbirem diante da negligência de ambas as partes controladoras e operadoras do transporte e que não podem fazer nada.

Bolsão do Terminal Alvorada, Rio de Janeiro. BRT vem sofrendo drasticamente com ações pífias que não solucionam o problema da cidade.

A indelicadeza intelectual dos que declaram a tal expressão mais modais e menos ônibus é tão absurda quanto achar que apenas ruas bem iluminadas e calçadas retas são a solução para a mobilidade e segurança das pessoas.

Precisamos de gente com experiência no ramo, que sabe o que está fazendo e o que sabe o que vai fazer no futuro. A prática deve ser levada em consideração aliada a aproximação de seus clientes, levando em conta opiniões que agregam e mostrando transparência afim de conquistar a confiança e sobretudo, o respeito de quem move tudo isso: o cliente.