HISTORIA DO TRÓLEBUS NA ZONA NORTE DE SÃO PAULO.

Um olhar clinico de quem acompanhou a evolução do trólebus em sua região, até o fim dos serviços em meados dos anos 2000.

O sistema de transporte por ônibus elétricos,trólebus, começou a operar no ano de 1949 na cidade de São Paulo, cerca de 2 anos depois da municipalização das empresas de ônibus e da operadora das linhas de bondes, a empresa Light. 
O slogan da CMTC, Companhia Municipal de Transportes Coletivos, na época era “MAIS TRANSPORTES,MELHORES TRANSPORTES”, o que fez com que essa Cia. se dedicasse a modernização dos transportes urbanos, uma vez que na época os bondes já estavam dando sinais de que estavam ficado obsoletos: ficavam limitados a trafegarem em seus trilhos e além disso qualquer remanejamento para alteração de itinerário era muito caro e demorado… por vezes inviável! Além do que estavam atrapalhando em demasia o tráfego cada vez mais crescente de veículos particulares e até mesmo dos ônibus movidos a diesel. 
Seguramente acreditavam que o trólebus era o sistema de transporte do futuro: energia limpa, durável e relativamente em conta.

ZONA NORTE: No dia 17 de fevereiro de 1966 é inaugurada a primeira linha de trólebus da Zona Norte de SP, a linha que logo mais a frente se tornaria a linha 107T – Tucuruvi x Cid. Universitária, sendo que no dia da inauguração o ponto final dela era na Av. Leoncio de Magalhães perto de onde é hoje a estação Jd. São Paulo – Ayrton Senna do Metrô, e na outra ponta o Bairro de Pinheiros, na zona oeste de SP. 

Ciferal Scania de prefixo 7062 na linha 107P  com destino ao bairro de Pinheiros. Pesquisa: Vander R. Moreti.

Depois disso, logo na sequência, surgiram as linhas 1301 – Cásper Libero x Pq. Peruche, em um primeiro momento com ponto final na R. Alfredo Pujol, no Bairro do Jd. São Bento, que substituiu a antiga linha de ônibus diesel de numero 74, a linha 1428 – Casper Líbero x Santa Teresinha que substituiu a linha 75 de ônibus diesel e por fim a linha 107P – Mandaqui x Pinheiros, que com o passar do tempo foi esticada até a Cid. Universitária e, por fim, a linha 1508 – Tucuruvi x Casper Libero.

Placa lateral indicando veículo que circulava na linha 1301 – Pq. Peruche X República. Foto: Fábio Trindade.

Na segunda metade da década de 70 o trólebus voltou a pauta de estudos por parte da prefeitura, esta que acabara de criar uma diretoria da CMTC específica para cuidar da questão dos trólebus, embalada pela crise do petróleo e pela sobra de energia elétrica gerada pela então recém inaugurada Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Foram então feitos projetos no sentido de adquirirem mais 1280 trólebus para o sistema da cidade de São Paulo, com a criação de vários corredores exclusivos,entre eles a linha Pça João Mendes x Terminal Casa Verde. Infelizmente todo o complexo projeto ficou apenas no papel, sendo que o projeto dessa linha com destino ao bairro da Casa Verde foi uma das poucas que saiu do papel… mesmo assim em partes só não foi construído uma calha específica para os Trólebus, estes circulavam dividindo espaço com os carros e demais ônibus. O que saiu do projeto foi o minúsculo Terminal Casa Verde, em operação até hoje e a linha eletrificada mais os trólebus novos para sua operação.

Uma curiosidade bem a Brasileira: faltou verba no decorrer da construção do dito corredor, atrasando a construção do Terminal Casa Verde e de parte da linha eletrificada, a parte da Av. Engenheiro Caetano Alvares, e a linha foi inaugurada no ano de 1983 como Pça João Mendes x Pq. Souza Aranha – circular. Ou seja, atravessava a ponte do Limão e retornava para a Pça. João Mendes. Em 1985 finalizaram por completo o trecho.

Linha 9100 – Term. Casa Verde X Bom Retiro. Uma das pioneiras na região. Foto: Fábio Trindade.

Infelizmente na Gestão de Marta Suplicy a frente da Prefeitura de São Paulo, ela praticamente decretou o fim dos trólebus: e nesse pacote as linhas da zona norte de SP foram vítimas. Em um Primeiro momento, por volta de 2002/2003 desativaram as linhas antigas de trólebus, alegando baixa demanda mais altos custos operacionais. Logo na sequência em 2004, o corredor que abrigava a linha 9300, Corredor Rio Branco, entrou em obras de modernização e os trólebus foram substituídos por ônibus a diesel, situação que perdura até os dias de hoje e há muito poucas chances de mudar tal situação. As linhas 107P e 107T ainda existem… foram feitas diversas alterações de itinerários mas são operadas hoje também por ônibus a diesel.

Por décadas as tradicionais avenidas de acesso aos bairros da zona norte mais próximos de Santana foram marcadas pelos charmosos “ônibus elétricos”, que prenunciavam a sua chegada quando os fios da rede elétrica começavam a balançar, sinal que estava se aproximando do ponto de embarque. Villarinhos, ACFBril, Villares… tinham o seu charme retro, apesar de no fim de suas carreiras ficarem conhecidos por suas constantes quebras. Tempos bons, que não voltam mais.

Trólebus ACF Brill em exposição no Pátio do Colégio em SP.  Foto: Fábio Trindade.