Opinião: Só a Transparência e a União podem salvar o transporte

A crise gerada pela pandemia do Coronavírus escancarou a dificuldade que o setor no transporte de passageiros vive á tempos mas que muitos se negavam a enxergar.

O Transporte de pessoas no Brasil vive um mau momento há tempo. A atual crise, proporcionada pela pandemia do Coronavírus apenas escancarou na cara da sociedade, um problema que antes conhecido apenas por pessoas do setor e por alguns que se recusavam a olhar isso com a importância devida.

Antes de falar sobre a situação, é importante retornar alguns anos no tempo e ver a crescente número de gratuidades que os modais passou a acumular na última década. É fato, ninguém trabalha de graça e alguém deve pagar por isso. Gratuidades estas que foram movidas por ações populistas, não foram planejadas e sequer acompanharam políticas públicas que viesse a repor o custo gerado na maioria das cidades Brasileiras. Podemos afirmar que existe muita gente que faz uso de benefícios como estes, mas que possuem total condições de pagarem por ele.

Acompanhado de gratuidades sem planejamento e totalmente populistas, o crescimento na carga tributária também é um dos fatores que pesam na aquisição dos insumos necessários para garantir a circulação dos ônibus. A política que tanto faz nome nas falhas do transporte, é a mesma que quando conquista o poder, esquece de trabalhar em prol daquilo que eles mesmos criticaram.

A conta não fecha faz tempo. Sistemas operam no limite há anos e nada muda, nem mesmo se faz algo para melhorar… quando na pior, já nascem falhos, a exemplo do BRT da cidade do Rio de Janeiro. Falhos em questão da ausência de segurança e que afeta sua funcionalidade e principalmente sua arrecadação, mas que merece saudações positivas em quem o projetou, levada em consideração a topografia da cidade. Nesta questão, vale destacar a falta de interesse de políticos que comandam cidades acima de 50.000 habitantes em realizar seus planos de mobilidade urbana, exigidos por lei federal.

O relacionamento com o cliente não é dos melhores. Falhas de operação, comunicação e administração, aliada a uma herança maldita de sistemas municipalizados que prega uma sensação de que o serviço não merece lucratividade, além de centralizaram e engessaram ações aos órgãos gestores, e claro, falta de políticas que ofereçam saúde estrutural e financeira ao modal são os principais motivos pelo colapso inicial que vive o transporte coletivo de passageiros no Brasil.

Na segunda quinzena de Março, o então ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, em uma de suas entrevistas quase que diárias no início das restrições provocadas pela pandemia, criticou a medida de prefeitos que viria a reduzir a circulação de ônibus em diversas cidades, aumentando assim, a possibilidade de aglomeração nos coletivos, visto que a quantidade de serviços considerados essenciais, é grande. Na então situação, o mesmo chamou a atenção pela forma com que o transporte coletivo urbano é levado em todo o país de forma falha.

Atualmente, as notícias sobre sistemas de transporte e empresas que os compõem, anunciando com certa brevidade, seus colapsos, principalmente financeiros, são quase que diárias, deixando mais visível a população, a sensibilidade do setor.

É hora do setor se unir. A transparência é o melhor caminho para melhorar as coisas daqui em diante.

Ao menos neste momento, onde todos buscam sobreviver, é necessário com que todos estejam lado a lado, na luta por uma conquista de políticas públicas que incentivem o uso do transporte coletivo, aliando benesses fiscais para baratear o valor da tarifa e manter com valor sem reajuste por mais tempo e o que considero o principal: Facilitar a criação de novos serviços ligados ao modal, seguindo a exemplo do CityBus de Goiânia – GO.

O engessamento de gestões do transporte tem provocado percas tremendas mediante novas concorrências que tem aparecido com cada vez mais frequência, em um terreno antes dominado apenas por “nós”. As citações do paragrafo anterior além de promover melhor estruturação e saúde financeira as empresas, promove uma disputa mais direta em relação aos seus concorrentes.

É preciso que poder público mostre o que deve ser feito e fiscalize, dando estrutura para cumprir aquilo que é cobrado e que empresas, faça seu papel de oferecer um serviço de qualidade e que ambos, mostrem a população o que realmente deve ser exibido.

Mas o que falta mostrar?

Muita coisa. Mas em especial, o quanto custa o transporte. O quanto ele emprega. É necessário tirar a imagem de que o transporte por ônibus é uma “caridade” aliada a ferramenta de uso e promoção política, mas sim um serviço essencial, que possui custos e necessita de suporte para sobreviver, como qualquer outro negócio, em especial, estes de prestação de serviços públicos.

Que esta situação nos faça pensar sobre todas estas e inúmeras outras possibilidades e quando tudo isso acabar (o quanto antes) possamos olhar para nosso setor de uma maneira diferente e inovadora.