Opinião: Sinalização em prol do Transporte de qualidade

Soluções básicas e baratas para a funcionalidade do sistema.

Partindo do princípio que São Paulo possui uma demanda anual de pouco mais de dois bilhões oitocentos e vinte e dois milhões de passageiros (dados de 2018), a área de abrangência da rede de ônibus na cidade de São Paulo hoje, é de 4.680 km de vias, que representa em torno de 25% do território. A questão não se limita apenas às áreas não atendidas, mas as áreas bem atendidas e que a oferta não supre a movimentação (na maioria das vezes pendular).

Mas por que um eixo bem atendido ainda sofre com a ineficácia?

O sistema dispõe de instrumentos básicos que programados com sincrônia a uma necessidade da faixa horária, ou até mesmo pontuais (cabendo a expressiva necessidade) pode reduzir conflitos, enfatizar a sua eficiência e dar eficácia ao atendimento.

Corredores, faixas exclusivas/preferenciais.

O primeiro e mais precatório para a presente necessidade é a lei, e isso estende expressivamente ao interesse do núcleo político de quem gere essa condição.

O demérito político é o principal causador da grande maioria dos problemas funcionais, já que equipamentos fundamentais para a infraestrutura são moedas de troca.

Interferência de TAXI em corredores e faixas exclusivas.

A Portaria n.º 084/16-SMT.GAB permite o livre acesso deste serviço na área designada ao ônibus, demonstra o desinteresse político em formalizar a operação e sistematizar o procedimento já padronizado, mas que não cumpre com a obrigação social com qualidade e não supre a necessidade operacional.

A medida afeta diretamente no tempo de viagem do coletivo, em sua pontualidade e em sua superlotação, nada disso é levado em conta, lembrando que os itens acima acarretam a alta no custo do serviço.

Tempo de viagem limita a oferta.

Congestionamento é a causa da baixa produtividade do sistema, já que o sistema de ônibus funciona por uma cadeia de processos. Sem agilidade não ofereço pontualidade/viagens, sem viagens não tenho oferta, sem oferta tenho superlotação. Superlotação acarreta na aceleração da depreciação do material rodante além da ligeira queda na qualidade do serviço. Hoje, com inúmeras alternativas, de curto a médio prazo o usuário troca o ônibus; – A movimentação é pendular, então de fato vai existir superlotação – mas a agilidade dispõe mais viagens, logo, maior oferta. Trabalhar na velocidade média do sistema em geral é essencial no que diz respeito a sua racionalidade.

Se tratarmos sobre fatores externos, vamos de vandalismo ao mau prestador de serviço, porém no que diz respeito a gestão pública, a caneta, o primeiro dos instrumentos disponíveis para valorizar o caro e decadente sistema da cidade.

Queu jump

O bloco semafório com um foco exclusivo para ônibus é uma das medidas que podem ser implementadas a curto prazo e a um custo que obtém retorno compensatório.

A eliminação do conflito direto com outros veículos na mudança de faixas proporciona maior conforto para todos os veículos da via compartilhada (mesmo havendo maior tempo de espera).

A ideia é semelhante a da movimentação de trens em AMV, que precisam compartilhar a mesma via, sendo uma movimentação de cada vez, isso em caso de movimentos convergentes.

No que se tem conhecimento, São Paulo possui dois focos do tipo localizados na Rua Clélia x Rua Tibério e Av. Dr. Arnaldo, localizadas na região do centro expandido.

Abaixo, veja como funciona no vídeo gravado em Seatlle, Washington:

Exclusividade ou preferência?

Dois pontos sugestivos. Olhar de todos os lados e executar torna o diferencial na tomada de decisão.

O transporte é coletivo, mas estamos lidando com indivíduos que por senso moral e constitucional devem ter as suas liberdades individuais preservadas, seja usuário ou não. É válido lembrar que é impossível atender a todas as necessidades individuais de todo indivíduo, por tanto a premiça do gestor (seja público ou privado) é entender que a necessidade pontual do serviço que ele está prestando é levar o indivíduo até o destino em que ele pretende chegar. Priorizar a coletividade no transporte gera segregação seletiva desde o usuário ao prestador, dar exclusividade ao ônibus garante o mínimo de serventia ao indivíduo no seu modo de deslocamento, já que a preferência do prestador, claro, será ele.
Entender isto é o primeiro passo para suprir a necessidade funcional do sistema.

O BRT (Bus Rapid Transit) na prática, é a melhor solução para o transporte sobre pneus para demanda de pequena e média capacidade, do projeto até a operação os custos são supridos por seu desempenho, porém em realidades contruídas de maneira desordenada com necessidades pontuais vistas somente a curto prazo.

Os equipamentos, métodos operacionais e a gestão de informação tem sido o remédio que ainda mantém funcionando o maior sistema de ônibus do mundo, entretanto quando o transporte deixar de ser moeda de troca, os afincos técnicos serão tratados como prioridade.