Opinião: E o Transporte urbano? Como fica?

Ainda ontem, falávamos aqui em nosso site, em uma matéria escrita pelo Vander Moreti, sobre dicas de museus que possuem grande acervo agregador para o transporte coletivo urbano, onde é possível através de conteúdos dispostos, ampliar nossos conhecimentos e entender a origem não somente de modais, mas também da evolução da sociedade e seus deslocamentos com o passar dos anos.

Falando em evolução, vale ressaltar que entre os principais meios de transporte usados no Brasil cresceram muito nos últimos tempos. Aviação, Transporte individual (táxis, aplicativos de carros particulares) Bikes, Patinetes e até mesmo o modal rodoviário tem tido seus registros de aumento por mínimo que seja.

Diferentemente do transporte urbano que sofre quedas sequentes ano após ano. Grandes exemplos como o Rio de Janeiro, que está com seu modal sucateado, respirando por aparelhos ou em São Paulo, onde sobra cada vez mais mês no final do dinheiro para subsidiar o transporte nas maiores capitais do país. Diversos problemas causados por políticas populistas, como expansão da gratuidade sem a devida fiscalização, falta de segurança, insatisfação dos serviços prestados, ocasionados pela falta de fiscalização, ausência de prioridade nos corredores e enorme dificuldade para até registrar uma simples ocorrência de reclamação nos canais de de atendimento muitas vezes, gerenciados pelos órgãos gestores.

Mas porque um dos modais, o transporte urbano, registra constantes quedas e os demais, estão instáveis ou conseguem registrar por mais que pequenos, aumentos na sua demanda transportada? A resposta é simples: O transporte coletivo em sua grande maioria, está engessado.

É notório que o transporte coletivo foi um dos maiores difusores da evolução da sociedade, expansão de bairros e até mesmo, o desenho territorial de inúmeras cidades e bairros de suma importância. O transporte urbano é o principal meio de deslocamento dos brasileiros e também, o que mais perde espaço a cada pesquisa realizada sobre o assunto. O transporte coletivo, foi também, um dos primórdios na chamada “regulamentação”.

Além do aumento de concorrência, que muitas vezes desleal e sem regulamentação rígida de outros meios, a falta de prioridade em seus trajetos que não são priorizados e quando existe algo que o prioriza, não é respeitado. O espaço que era para ser exclusivo do ônibus, tem que ser dividido com táxis, ciclistas e até mesmo, carros de passeio dependendo do dia e faixa horária. As barreiras entre empresas e clientes parecem ser cada vez maiores. Para registar um elogio, uma reclamação ou sugestão, os serviços são péssimos, principalmente quando centralizados e controlados por órgãos gestores. É comum passar inúmeros minutos no telefone, repetir várias vezes as mesmas informações, para no final das contas, muitos casos sequer serem solucionados. Será que regulamentamos tanto nosso modal que não sobrou sequer espaço para flexibilizar ações que possam trazer o passageiro a confiar no ônibus e te lo como um aliado ou até mesmo ampliar suas visões além daquilo que pode ser ruim?

Já presenciei empresas que criaram ações que chamassem a atenção dos usuários do transporte com campanhas simples, mas que foram barradas por órgãos gestores, como também, já vi empresas deixando de lado possibilidades de trazer seu cliente para perto de si e não se importar com isso.

É notório que a diferença entre os modais que crescem e estão estáveis para o que cai constantemente é as ações promovidas que trazem para perto, os seus clientes. Um brinde em uma data comemorativa, um ônibus enfeitado em ocasiões especiais, uma rede social que divulgue informações em tempo real sobre suas operações e ofereça a possibilidade de ouvir as opiniões de maneira prática. Ações simples, de baixo custo que trazem para perto, o cliente. As poucas empresas urbanas que registram aumento nos seus indicadores, tem optado, mesmo que de maneira tímida, por ferramentas citadas acima que aliada a um planejamento eficiente e participativo, buscam fazer a diferença naquilo que estão acostumados a praticarem.

Precisamos que empresas e sobre tudo órgãos gestores, representantes da pasta incentivem e pratiquem ações que aproximem os clientes. Precisamos que parem de escolher a dedo a quem fazer… todos merecem a mesma possibilidade, a mesma participação. Que comecemos isso o quanto antes… antes que seja tarde demais.